sábado, 28 de agosto de 2010

CONCURSO DE POESIAS E POEMAS

NAGEM ABIKAHIR – FUTUROS ESCRITORES

Roner Braga Padilha – Secretário da Academia Iunense de Letras

Tive o privilégio, de ser convidado a fazer parte da Comissão que analisou os trabalhos realizados por alunos da Escola Nagem Abikahir, de Iuna-ES, cuja meta era avaliar Poesias e Poemas escritos por integrantes das 5ª e 6ª séries, engajados num projeto do MEC – nível nacional-, buscando identificar os melhores escritores das escolas brasileiras.
            A experiência foi fascinante e inusitada. Fascinante porque eu estaria frente a frente com “uma mina de ouro”, mesmo que houvessem pedras brutas.
Inusitada ao me deparar com um “livrinho” de mais de cem páginas, onde estavam as regras do concurso, que professores e alunos deveriam seguir. Sem falar no tempo exíguo que me foi concedido.
            Entre as regras do livrinho (minhas vivências, a realidade de Iuna que deveria ser ressaltada e o coração), fiquei com tudo e o coração muito juntinho. Eu não leria poetas consagrados com suas pertinentes certezas de usarem a norma culta – que em sua maioria são os autores que admiramos e exaltamos. Eu estaria lidando com ouro bruto, mas ouro puro. Fascinante e instigante!!!
            Li, uma a uma, aprendendo e apreendendo o que nossos jovens escrevem. Pelos meus critérios e os do livrinho, havia muita coisa interessante, agradável e gostoso de ler. Sem os hermetismos dos consagrados.
            Por fim, me chamou a atenção, o fato de o foco ser o Município e a Cidade de Iuna. E então me detive nas palavras mais usadas, compondo um caleidoscópio curioso do que os jovens vêem. Acompanhe a seguir:

Padaria, farmácia, lojas, supermercado, mercearias, mercados, bancos, fórum, igrejas, matriz, água santa, serrinha, colossus, pico da bandeira, príncipe, café, violência, cultura, braúna, casa da cultura, minha casa, iuna, minha cidade, cachoeiras, pedreiras, mulher, fé, natureza, bóia fria, flores, tristeza, alegria, pito, quilombo, aprender, coração, amor.
           
E então, sai uma poesia ou poeminha aí?
            Estou torcendo pela Escola.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

RAIZES

ROTEIRO
Abril 2007.
by roner braga padilha.

Você é criança e seus pais resolvem deixar a pequenina cidade onde você nasceu, e, buscarem a cidade grande.
Em pouco tempo, seus pais se desentendem e fica decidido que você fica com papai. Da mãe, fica a lembrança da mão abanando um adeus, no vidro traseiro do “mercury” que partia. Coisas de adultério. Dos dois. É a lembrança que ficou.
Em época de mudanças no mundo, ela também te atinge. Vira imigrante ou peregrino, sem saber porque. Vai para longe desta cidade, morar sozinho ou com estranhos em outra, distante.
Conhece a liberdade das ruas e da vida. Dura pouco. Seu pai constitui nova família. A dele. Uma nova mulher agora é sua mãe.
Mora num cômodo, com família estranha, aprende ofício, aprende mentir. Tem que encarar a verdade. Mora em hotel e depois num barraco na periferia.
Infância com abóboras e assombrações. Lavando pratos, limpando o chão, dormindo no mesmo colchão. E tinha a religião. Volta a estudar e a rezar.
E mais mudanças. Outra cidade, agora num cortiço. Ganha irmãos. Novas tarefas, primeiro emprego, primeira briga de rua, primeiras brigas em casa. Entre pais. Você no meio, apartando.
Não finca chão. Não fincam. Era hora de mudar (de novo). De cidade. Agora, voltar pro início da solidão. Nova periferia. Divertia-se, pescando à mão (marobá). Nas enchentes que enchia o barraco, tinha medo não. Levava marmita ao lotação. Assim passeava o cenário. De graça. Feliz...
Até mudar de chão. Agora, invasão. Tantos metros quadrados. De pedra, de terra e ilusão. Sem água e luz. Sonhos? Não...
Enfim, aquieta-se? No barracão? Vive o final da adolescência. Inquieta-se com corridas de carro e festinhas com LP’s. Escola, vigiar carro, engraxar, vender laranja...Inaugura a era dos ambulantes.
Inconsciente (vindo da abastança), na miséria vivida no barraco, só consegue conviver junto aos ricos. Convivência submissa, nos tempos que coitadinho tinha sentido cristão.
Assim vai na toada, dos ajudantes e protetores de plantão. Mas, não finca chão. É a sina? Cortina de eventos, paisagens, personagens...Toca a vida. Com formação, busca o horizonte perdido. Mudança. Sempre mudança. Não descansa.
Pensando que era livre, voa nas asas de um diploma. Descansa num hotel, depois numa pensão. Passeia na primavera do amor. Viagens. Paixão? Desilusão adolescente. Terminou começando décadas depois. Sem explicação.
Abrem-se as cortinas. É a sina? Mudança apesar do chão firme. Sabor de aventura? Junta os pés, é  um soldado, defensor do país e do comunismo. Hoje, estão todos aí no poder...E você por aí de asas partidas.
Faltou guarida? Não. Hoje, todos no poder, ontem, todos no poder. Quanto custa a liberdade? Zero!!! Nem as religiões respondem. Ontem, era o capital disfarçado. Hoje, é escrachado...
Não aproveitou, dançou! Acabou o tempo de caserna.
Mas, iniciou nova primavera. Trocou o capital pelo trabalho. À beira-mar sonhava. E casava. Dificuldades superadas pelos sonhos. Que sonhavam. Voaram mudando de lugar.
Novos desafios. Vida a ser vivida. Motivos para viver. No desconhecido, a alegria de viver a simplicidade.
Qual o sentido da vida vivida?  Qual o sentido da vida por viver?
Acreditar no dia, na noite. A natureza é um desafio a amar.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

MECHAS

MECHAS
By roner  072010


Vou cortar cabelo.
Rotina diferente nas ruas.
Ou ando 2km a pé ou vou de carro.
Andando, só desço. Depois tem que subir.
De carro, o problema é vaga...
E ainda nem saí de casa.
Estará o barbeiro livre?
Olho no espelho e meço as mechas...
Uma tesourinha resolvia.
Mas não é o filme das tesouras.
Tenho de ir.
Máquina quatro.
Lua cheia.