CACHOEIRA DO BRÁS São João do Príncipe – Iuna/ES

O ano era 1990.
Eram 15:00h quando atingi a primeira Cachoeira do Brás. O dia estava limpo, e o sol já apontava em direção ao poente.
Escolhi o local para acampar naquela noite. Indo rio abaixo, no leito do Brás, havia excelentes locais, mas optei pelo plano existente à direita da cachoeira, mais abrigado de ventos que descem do Pico da Bandeira.
Terminei de armar a barraca e arrumar tudo por volta de 17 horas. A partir daí, procurei à esquerda da cachoeira um local para assistir o por do sol e fazer as primeiras fotos.
Foi maravilhosa a experiência, pois no inverno o espetáculo do por do sol é inesquecível. Ás 17:45, já era noite, com as estrelas invadindo o céu num novo cenário só apreciado na Serra do Caparaó.
Ás 18:30 já estava na barraca deitado. Por volta das 20:30, chegaram os companheiros Zé da Botina, João Elias, Raul, Emílio e muitos outros. Conversamos até meia noite. Já as 5:30 estávamos de pé, prontos para iniciar a subida pelo rio Brás, até a botija, a partir da cachoeira. Não tivera sido fria a noite, apesar de a saber depois que em lúna, havia até geado.
Eu já imaginava que as milhões de pedras existentes no Rio Brás, caprichosamente oferecesse em cada curva um cenário deslumbrante, cercado de uma flora riquíssima e exuberante. Mas o que fiquei conhecendo foi alem da imaginação, em beleza natural.
Uma infinidade de cascatas, poços naturais de águas cristalinas e profundas, pequenas ilhas com vegetação florida, penhascos, escorregadores naturais esculpidos em maciços, sabe-se lá há quanto tempo, pela força das águas torrenciais que ali são despejadas no verão.
Depois de quase 3 horas de caminhada rio acima, chegamos, eu e João Elias, na cachoeira dos Jesuítas, que desagua no Rio Brás. Aquele pedaço do paraíso, fica escondido dos olhos de quem passa na trilha. São quase 200 metros de queda, suavizados por um tobogã natural esculpido numa rocha negra, contrastando com a espuma das águas.
Á esquerda um poço cristalino, e do fundo um imenso anfiteatro natural, capaz de abrigar uma peça de Shakespeare, e em frente do palco natural, uma laje de pedra inclinada, na posição ideal para uma plateia de até 200 pessoas. Tudo esculpido pela mãe natureza!!!
Já passava do meio dia, e a fome era saciada, pelo êxtase de estar vivo no meio a tanta beleza. Logo em seguida, atingimos o Poço da Anta. Outro cenário digno de respeito e admiração, pelo o que a natureza, sozinha, conseguiu fazer em silêncio e sem esperar reconhecimento. O poço mede aproximadamente 10 metros de diâmetro e 3 de profundidade, de uma água que varia de tons claros ao verde mais profundo. Como que vigiando o poço, uma pedra se projeta sobre ele, abrigando em baixo uma caverna com uns 10 metros de profundidade, 10 metros de abertura, 5 de altura na entrada e fecha ao fundo onde a rocha apoia na terra. Ainda há uma cachoeira cortando o rio, emoldurando o cenário e de frente para o por do sol.
Na curva adiante, nosso primeiro objetívo havia sido alcançado, que era a Botija, onde a trilha deixa o Rio Brás, por enquanto, e segue em direção ao acampamento base, com o Brás já próximo à sua nascente.
Roner Braga Padilha - 2003
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